História da Vinícola La Dorni do Brasil Ltda.

Alguns filósofos, como Jonathan Edwards, Sócrates e Jean Paul Sartre acreditam, em algumas de suas teorias e idéias, que o homem somente busca o conhecimento e o aprimoramento diante das dificuldades encontradas, sendo elas de várias naturezas. John Locke, em sua teoria natural, diz que o homem só encontra o seu “eu” em situações onde tudo lhe é extraído, menos seus conceitos básicos e princípios. Marshall MacLuhan, apresenta as tecnologias como ferramentas neutras, sendo que sua aplicabilidade (maléfica ou benéfica) estará de acordo com os homens que a detém.

De acordo com os argumentos acima citados, podemos dizer que a criação do vinho sem álcool se deu em cima de três alicerces básicos: oportunidade mercadológica, psicologia aplicada ao consumo e tecnologia. Além dos pilares de sua criação, o cenário sócio-cultural brasileiro no ano 2000 (ano da concepção do vinho sem álcool) era extremamente favorável, como por exemplo, a perspectiva de grandes acontecimentos no novo milênio, a preocupação com o corpo e a mente, fortalecimento e crescimento de estilos de vida alternativos, como vegetarianos e naturalistas e principalmente a preocupação com o bem estar e o coração, no sentido literal da palavra.

Mas antes de abordarmos a idéia em si, é necessário situar cronologicamente alguns eventos fundamentais para a criação do produto, pois afinal de contas, o simples bater de asas de uma borboleta hoje, pode mudar completamente acontecimentos futuros, conforme a Teoria do Caos de Eduard Norton Lorenz. Assim, vamos olhar para o passado, para entender o presente. No ano de 1987, antes mesmo de existir a Vinícola La Dorni, começava a surgir em Bandeirantes, no Paraná, o restaurante Ricanto D´Itália. Como em qualquer outro restaurante, eram servidas massas, carnes e claro, vinho. Naquela época, barris de carvalho não eram tão caros, e a estocagem de vinho numa produção em baixa escala era possível.

Com o passar dos anos, ou melhor, com o bater das asas da borboleta, a família Martins, proprietária do restaurante começou a notar que os barris – expostos no salão do restaurante – não por vaidade, mas por pura falta de espaço, chamava a atenção dos clientes e os atraia até o restaurante. Notaram então que a satisfação do cliente não estava somente nos vinhos e nas massas, mas também no que os olhos viam, pois grande parte dos primeiros clientes eram de origem italiana e sentiam-se conectados a suas origens e família quando ali estavam. Além da satisfação fisiológica, sentiam-se confortados psicologicamente e a partir desse momento, o restaurante deixou de vender comida e vinho; tornou-se um símbolo regional de satisfação e bem-estar a todos seus freqüentadores.

O primeiro passo era construir um novo restaurante, pois aquele havia se tornado pequeno. Então, focados na satisfação dos clientes, os proprietários resolveram construir um restaurante inteiro de pedras e em forma de castelo. No entanto, a dificuldade financeira obrigou que a construção do mesmo fosse realizada pelo próprio dono, talhando a mão as 10.000 pedras da construção.

Os anos se passaram, o sucesso do restaurante continuava, mas muitas pessoas se dirigiam até o local somente para comprar vinhos. Então, notando mais essa peculiaridade no comportamento dos consumidores, decidiu-se pela comercialização regional do vinho. Tudo funcionava bem: o restaurante fortalecia o vinho e o vinho fortalecia o restaurante e ambos funcionavam como divulgadores. Contudo, a adega do restaurante começara a ficar pequena e então nos meados do anos 90, nasceu a Vinícola La Dorni do Brasil, inicialmente com o nome de Leoni D´Oro (leões de ouro) numa referência a marca figurativa do restaurante. Anos depois, o nome foi alterado como uma forma de homenagear a todos os imigrantes que ganharam a vida nas dornas de vinho espalhadas pelo Brasil. Surgia assim a Vinícola La Dorni do Brasil Ltda.

Sendo uma pequena empresa, iniciante no setor, a La Dorni não tinha capital para investir em ações de comunicação e marketing, por isso utilizava (e utiliza até hoje) degustações em pontos-de-venda como forma de ter um contato mais próximo com o consumidor, divulgar o produto, marca e empresa, dar oportunidade para que o cliente prove o produto e principalmente: ser os olhos e ouvidos da empresa.

E foi ouvindo e conversando com os clientes, notando o perfil dos consumidores que se descobriu a necessidade de um vinho sem álcool. Muitas vezes o promotor de vendas, escutou as frases “Obrigado, mas eu não bebo”. “Estou tomando remédios, não posso beber”. “Sou ex-alcoólatra, estou em recuperação”. “Minha religião não permite”. Mas uma simples frase, ou melhor, uma simples batida de asas de uma borboleta, chamou a atenção mais que todas: “Gosto muito de uva, mas não gosto de álcool”.

Notou-se então, que vinho e álcool poderiam ter valores completamente distintos na cabeça dos consumidores. Álcool e vinho não representavam um pensamento icônico na mente das pessoas, mas sim símbolos fragmentados em significantes diferentes, conforme a teoria da semiótica Peirceana.

Com esses conceitos e anos de pesquisa, finalmente no ano 2.000, nasceu cientificamente o vinho sem álcool, tendo suas propriedades confirmadas pela primeira vez pelo departamento de Alimentos e Bebidas da Universidade Estadual de Londrina, UEL.

Por isso, é necessário que se esclareça que enquanto as informações estão na cabeça, são apenas pensamentos. Quando começam a ser escritas, passam a ser idéias. Quando se desenvolvem, passam a ser um produto tangível. Escutar o mercado, não é apenas seguir os rastros de elefantes, mas também escutar o som das batidas das asas de uma borboleta.

Atualmente, a Vinícola La Dorni está finalizando a construção da nova sede, na cidade de Bandeirantes – PR, onde deverá receber turistas e visitantes. Além do vinho sem álcool, a Vinícola disponibiliza uma variedade de vinhos, que podem ser acessados neste site.